quinta-feira, 11 de julho de 2013

Especialista chama a atenção para os possíveis prejuízos causados pelo hábito de chupar o dedo ou a chupeta na infância





   
   Cultural e histórico, o uso de chupetas é amplamente propagado no Brasil, tanto que só em 2011 foram vendidas 141 milhões de unidades no país. O acessório é o número um da bolsa de diversas mamães, que o utilizam para acalmar os pequenos. O próprio nome em inglês já diz tudo: “Pacifier”. Ele atende uma das necessidades mais básicas do bebê, que é o instinto da sucção. Mas, se por um lado dá prazer e cessa instantaneamente o choro, de outro, ele poderá ocasionar alguns prejuízos ao desenvolvimento normal da dentição da criança, se não for removido no tempo adequado. As chupetas também podem favorecer as infecções recorrentes de boca e garganta se a criança tiver o hábito de usá-la durante todo o dia, encostando-a em lugares contaminados e levando-a depois à boca.

De acordo com o ortodontista Ricardo Machado Cruz, presidente daAssociação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR), os hábitos bucais chamados deletérios, como chupar chupeta, dedos e lábios, devem ser encarados como problemas sérios em uma clínica ortodôntica, pois podem levar ao aparecimento de maloclusões (dentes desalinhados), alterações na forma do palato (céu da boca), distúrbios de fala e até no padrão da respiração.  “Entretanto, nem todo hábito é capaz de causar alteração na forma das arcadas dentárias ou na posição individual dos dentes”, pondera.

Assim, ainda segundo o ortodontista, necessita-se avaliar a frequência, a duração e a intensidade desse hábito deletério, como também o padrão de crescimento facial da criança. “Cada paciente deve ser avaliado individualmente e, geralmente, outros profissionais afins, como psicólogos, otorrinos e fonoaudiólogos, devem ser consultados. Existem crianças que trazem o hábito de chupar o dedo desde a vida intrauterina, tornando a remoção do mesmo bem mais difícil”, explica Machado Cruz.

Outro hábito que pode atrapalhar o desenvolvimento normal das arcadas dentárias e dos músculos da mastigação é a alimentação do bebê utilizando mamadeiras com bicos inadequados. O ideal e recomendável é sempre a amamentação natural, mas quando não é possível, devem-se escolher bicos ortodônticos que simulem a anatomia do seio materno. O especialista revela que os movimentos feitos pela língua, pelos lábios e pelos músculos das bochechas ao se alimentar com uma mamadeira com bico inadequado, são bem diferentes daqueles utilizados para retirar o leite do seio da mãe. “Por isso, bebês que usam mamadeiras podem ter dificuldade para sugar o leite materno. Os orifícios nos bicos são bem mais abertos, de modo que eles não precisam fazer nenhum esforço para receber o leite. Já no seio materno, o leite sai em menor quantidade e a criança tem que se esforçar bem mais, trabalhando adequadamente a musculatura. O hábito de uso de chupetas também pode desestimular a criança a mamar no seio materno. Com isso, a produção de leite diminui, a criança fica com fome e não ganha peso, o que leva ao desmame precoce”, conta o ortodontista.  E a falta de leite da mãe pode deixar as crianças mais vulneráveis a doenças como desnutrição, infecções respiratórias e diarréias.
                                          
No entanto, a chupeta só apresenta alguns benefícios quando é usada para substituir o hábito de chupar o dedo. “Entre o hábito de sucção de chupetas e o de sucção de dedos, a sucção de chupetas é menos prejudicial”, comenta. Mas nesses casos, deve ser utilizada somente dentro do berço, quando for dormir, e nunca pendurada ao pescoço de forma acessível à criança o tempo todo.

A ABOR recomenda a remoção destes hábitos por volta dos dois ou três anos de idade. Cessado o hábito deletério nessa fase, os problemas ocorridos até então podem normalmente ser solucionados por si só, sem a intervenção do ortodontista. Além disso, nessa idade, após uma conversa com os pais e o profissional, a criança já pode compreender os danos que a chupeta ou os dedos podem causar, e a remoção do hábito não causaria tantos danos psicológicos.
                    

Entretanto, se a conversa não fizer efeito, os ortodontistas têm ampla experiência para orientar os pais nessa remoção, dando dicas de métodos eficazes. Caso nenhum deles funcione e não haja uma melhora espontânea, o especialista está apto a instalar dispositivos fixos ou removíveis dentro da boca que podem auxiliar no tratamento.

Fonte: Dr. Ricardo Machado Cruz – Presidente da ABOR

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